Peguei o final ruim e nem liguei, pois o jogo não dá a mínima em te explicar a história mesmo, então pra mim foda-se, já não ligava mais pra nada que acontecia ali.
Eu odeio narrativas não-intrusivas em jogos. Nada me quebra mais o conceito de imersão do que o fato de não saber o porque tô jogando, ou pior, ficar com receio de perder parte importante da história e boiar lá na frente porque não coletei um item ou lutei contra um boss secreto. Foda-se.
Reconheço que existem jogos muito bons que utilizam esse recurso, tipo Hollow Knight, e ainda se mantém como boas experiências, as vezes fazendo você querer saber mais sobre o universo da obra. Black Myth Wukong pra mim teve o efeito contrário.
A narrativa não-intrusiva aqui só me afastou. Tive zero conexão com os personagens, os reinos, a mitologia e o universo em si. Ao invés de passar a sensação de que existia algo enorme pra se explorar e conhecer, eu me senti jogado numa história já em curso, onde não se preocuparam em me explicar o que tava acontecendo (dá pra traçar um paralelo aqui entre a jornada do protagonista e a minha como jogador, o que em tese é interessante, mas duvido muito que tenha sido proposital kkkkk).
Quem manja de mitologia chinesa deve ter gostado bem mais desse jogo, mas acho que a maioria dos jogadores fora da china ficaram boiando, e o jogo não tá nem aí se vc tá perdido. Na real, mesmo quando se pesquisa explicações sobre a lore na internet, você encontra muito conteúdo de gente que manja da mitologia, cheio de interpretações pessoais! Pois o jogo se baseia em diferentes contos e adaptações da história de Sun Wukong/Jornada ao Oeste, mistura do jeito deles, e deixa várias partes abertas à interpretação. O resultado disso é que se você não se interessa sobre o tópico, o jogo dificilmente vai fazer você querer mergulhar nesse mundo. Na prática, você chega no final sem ligar pra nada que acontece ali, então fica um sentimento de tanto faz que segura muito esse jogo. Com uma história melhor executada e uma narrativa trabalhada, tinha tudo pra ser um PUTA título, mas no fim das contas fica uma experiência divertida, porém superficial se você não tiver o conhecimento necessário de antemão.
As batalhas são boas. Desafiadoras na medida certa pra te dar a adrenalina de uma quase vitória sem nunca parecer que a máquina tá roubando. As vitórias são 100% satisfatórias e a sensação de realização é totalmente merecida.
Você tem diversas opções de upgrade, que te permitem ir montando seu estilo de luta, o que é foda.
A parte boa das mecânicas meio que acaba aí. Essencialmente, o combate carrega o jogo, mas nas janelas entre um boss e outro você tem irritações constantes na forma da ausência de um mapa ou bússola em áreas extensas onde o cenário repetitivo vai fazer você se perder várias vezes. Se quiser fazer sidequests e enfrentar chefes secretos (o que é necessário pra se conseguir o final bom), vai precisar de um guia em mãos, pois o jogo não te dá nem mesmo a chance de você ter que raciocinar sozinho pra descobrir que fazer. É relativamente comum perder a chance de certas coisas acontecerem durante sua playthrough, pois havia um jeito certo de se fazer algo que não tinha como você saber por conta própria, então agora se você quiser batalhar contra um chefe secreto que não aparece mais, volte no NG+ etc etc. Esse jogo é cheio dessas palhaçadas, e isso cansa muito (principalmente se considerarmos que a história principal sozinha já vai te levar cerca de 30 horas pra completar).
Joguei esse jogo no PC e tive alguns problemas de compatibilidade e bugs bem irritantes, mas não sei quanto disso era culpa do jogo, ou da Unreal Engine 5, então não vou pesar muito nisso aqui nessa review.
No geral, é um jogo divertido se você gosta desse tipo de combate meio Sekiro, onde o soulslike e hack n slash andam juntos. Só não espera algo muito UAU, pois esse jogo só vai se tornar uma experiência incrível pra um público bem específico que chegar já com uma certa bagagem.